terça-feira, 26 de julho de 2011

A arte de delegar

Veja se você, empresário ou gerente de médias e pequenas empresas, concorda com algumas das afirmações abaixo:

- Fico irritado quando as outras pessoas não fazem as coisas direito.
- Gosto de ter o controle dos resultados das tarefas.
- Meus empregados não estão tão envolvidos quanto eu.
- Prefiro executar todos os detalhes do meu trabalho, pois conheço bem a empresa.

Caso sua resposta tenha sido sim, cuidado. Você tem sérios problemas em delegar.

De todas as ferramentas à disposição do executivo, a delegação é uma das mais eficazes para uma administração bem-sucedida, pois implica no crescimento pessoal e profissional de quem delega e de quem recebe a delegação.

Delegação, no seu sentido mais restrito, significa simplesmente transferir de uma pessoa para outra a responsabilidade de uma tarefa. A delegação eficaz, entretanto, pressupõe a obtenção da autoridade necessária para alocar recursos e tomar decisões para obter os resultados esperados.

Delegar é uma arte em que aprendemos a confiar nos outros. Às vezes pensamos que ninguém pode fazer o trabalho melhor do que nós, mas é necessário delegar e confiar em nossos alunos, mesmo sabendo de antemão que eles vão cometer erros, pois isso faz parte do processo.

As barreiras à delegação são tão antigas quanto a história da humanidade. Moisés, ao conduzir seu povo, durante o Êxodo do Egito, insistia em tratar pessoalmente de todas as disputas que surgiam, crendo (como fazem muitos gerentes e executivos de hoje) que só ele seria capaz de fazê-lo a contento. E esquecendo de que ele próprio, Moisés, foi um grande exemplo de sucesso de delegação. Nenhum executivo é capaz de delegar a seus subordinados um milionésimo do que Deus delegou a Moisés.

Um dia, Jetro, seu sogro, resolveu confrontá-lo dizendo:
- O que está fazendo com seu povo? Por que fica sentado e todo mundo vem até você, de manhã até a noite?
- Ah, o povo vem a mim para consultar Deus. Caso apareça um problema, ele tem de ser apresentado a mim e eu tenho de julgar entre um litigante e outro e tornar conhecidas as decisões de Deus e Suas leis.
- Mas isso não é nada prático. Logo você se esgotará (a expressão estresse só surgiria mais tarde), e aí, como é que fica? Sem você, como eles saberão das leis de Deus? Você tem de fazer, de alguma maneira, com que todos saibam quais são os regulamentos e as leis, que caminho devem seguir e que trabalho devem fazer.
- Mas, sogro, não dá para escrever todos os casos e detalhes de funcionamento da comunidade em uma pedra. É muita coisa. E não haveria como fiscalizar se todos seguiriam o que está escrito.
- Tenho uma ideia melhor. Você pode escolher entre o pessoal homens capazes, tementes a Deus, homens fidedignos que odeiam lucro injusto; e agrupe seu povo sob eles. Alguns você fará chefes de dez pessoas, outros chefes de cinquenta, chefes de cem e chefes de mil. E eles serão responsáveis por resolver os problemas que aparecerem.

Moisés seguiu as orientações sábias de seu sogro.
“E Moisés passou a escolher homens capacitados dentre todo o Israel e a dar-lhes posições como cabeças sobre o povo, com chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. E julgaram o povo em toda a ocasião propícia.” [Êxodo 18:13-25]

Assim como Moisés, muitos donos de empresas, gerentes e supervisores sentem-se igualmente insubstituíveis, isto é, apresentam uma série de justificativas para não delegar. No entanto, os benefícios da delegação para o uso adequado do tempo e para o nível de motivação são enormes e valem o esforço necessário, capaz de romper as barreiras que impedem a sua correta utilização.

Dentre as vantagens da delegação, estão as seguintes:
- Libera tempo para o gerente poder gerenciar.
- Diminui a pressão e a carga de trabalho.
- Desenvolve os subordinados.
- Cria um clima de trabalho motivador.
- Fornece padrões de desempenho.
- Aumenta os resultados.
- Leva ao desenvolvimento organizacional.

Apesar desses e de outros benefícios, observa-se uma substituição crônica da delegação na maioria das empresas, devido à relutância e ao medo de delegar. Essa prática otimiza não só o tempo do executivo, mas também o da sua equipe de trabalho, contribuindo para o aumento da produtividade e do nível de motivação existente na empresa. Assim, cada pessoa sabe o que se espera dela e até onde pode chegar. Uma equipe produtiva, que assume responsabilidade sobre a qualidade do seu trabalho, é o melhor indicador de um líder competente.

Adote a descentralização. Aprenda a delegar!

Por Wilson Mileris - Conferencista, treinador e consultor nas áreas de liderança, motivação e vendas

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